quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O Oceano no Fim do Caminho


É fácil se lembrar da infância? De como enxergamos o mundo quando crianças? Dos medos mais profundos e de como nos protegíamos deles?

O Oceano no fim do Caminho nos conta a história de um homem, recém divorciado, de 39 anos de idade que volta a cidade onde passou a infância para um funeral. Logo que deixa esse funeral decide dirigir pela cidade e visitar a casa em que crescera. Passando por ela, suas lembranças começam aflorar e ele chega a fazenda Hempstock e começa a se questionar sobre a garotinha que morava ali. A última noticia que tivera dela era que havia ido estudar na Austrália. Lettie, sua única amiga na infância. Na fazenda Hempstock ele encontra a mãe de Lettie, mas que por alguns segundos ele pensa ser a avó dela. Então ele pede para rever o lago nos fundo da casa, o lago que Lettie costumava chamar de Oceano.


Suas lembranças o remetem de volta ao tempo em que tinha 7 anos de idade. Lembra-se de como seus livros serviam como forma de escapismo da indiferença de seus colégas de classe e de sua família. E ele começa a perceber de como as coisas são difíceis também no mundo adulto. Primeiro vem as dificuldades financeiras, onde seus pais tem que alugar o quarto no alto da escada, quarto esse que era dele, e ele tem que passar a dividir o quarto com a irmã. Depois, o convívio com a baba e a relação dela com seu pai e as coisas que ele observa a partir dai, mas que não tem maturidade pra entender.

Um dos inquilinos, a alugar seu quarto, foi um minerador de Opala que certa noite roubou o carro da família e cometeu suicídio dentro dele. E isso acabou desencadeando um mal antigo que  se alimentava do desejo das pessoas por dinheiro e levando a  resultados desastrosos. E em consequência disso ele conhece Lettie, e é ai que fantasia e realidade se misturam. 

O autor acaba que sugerindo que a fazenda Hempstock é o lugar mais seguro do mundo. Lettie e sua família são pessoas que existem fora do tempo, em parte, afim de evitar coisas como aquela que foi desencadeada pelo suicídio do minerador de opala.

O escapismo está por toda parte na história misturando realidade e fantasia e fazendo você se perguntar se aquilo é real ou não. 

O oceano ou apenas um lago? Tudo difere do ponto de vista. Para nós adultos - apenas um lago. Para uma criança - uma imensidão - um oceano sem fim. As vezes, nos esquecemos de como enxergávamos o mundo enquanto crianças, temos nossas memórias, mas no final das contas racionalizamos. 


Não é um livro fácil de se falar sobre,  cada leitor vai senti-lo de maneira diferente, remete-lo a sua própria infãncia e experiências de maneira diferente. Afinal quem nunca foi esse garotinho, cujo nome não nos é revelado, alguma vez na vida?

"Eu adorava mitos. Não eram histórias para adultos e não eram histórias para crianças. Eram melhores que isso. Simplesmente eram
As histórias para adultos nunca faziam sentido, e a ação nelas demorava muito a acontecer. Elas me davam a sensação de que havia segredos, segredos maçônicos, míticos, envolvendo a idade adulta. Porque os adultos não queriam ler sobre Nárnia, ilhas misteriosas, contrabandistas e fadas traiçoeiras?"

“Existem monstros de todos os formatos e tamanhos. Alguns deles são coisas que as pessoas têm medo. Alguns são coisas que se parecem com outras das quais as pessoas costumavam ter medo muito tempo atrás. Algumas vezes os monstros são as coisas das quais as pessoas deviam ter medo, mas não têm”.


Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Ano de lançamento: 2013
Número de páginas: 208

by Fê

2 comentários:

  1. Oi, adorei a tua resenha!
    Ainda não havia lida nada sobre esse livro e a tua resenha me deixou bem curiosa.
    Já vou colocar na lista de desejados e ver se consigo lê-lo ainda no primeiro semestre desse ano.

    Bjs!
    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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    1. Oi. Jéssica,

      Que bom que tenha gostado! Leia sim! É um livro de uma beleza sutil e muito reflexivo e como próprio Gaiman disse é um romance sobre sobrevivência.

      Fernanda

      Fernanda

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