domingo, 7 de junho de 2015

A Improvável Jornada de Harold Fry

"A carta que viria mudar tudo chegou numa terça-feira. Era uma manhã comum de meados de abril, daquelas que cheiravam a roupa lavada e grama cortada."

E é assim que começa a história de Harold Fry que um dia recebe uma carta de despedida de uma velha amiga de trabalho, Quennie Hennessy, lhe informando que está morrendo de cancer. Harold que não é um homem de dar voz aos seus sentimentos decide escrever uma carta com uma simples condolência e coloca-la no correio. 

Harold deixa sua esposa com seus afazeres e sai em busca de uma caixa de correio. O que Harold não sabe é que nesse simples gesto, ele começa meio que indiretamente a sua perigrinação. Ele encontra várias caixas de correio pelo caminho, mas sempre continua com o intuíto de que vai achar outra.

No caminho, ele para num posto e lá conhece uma moça que lhe conta sua experiência com a tia, que também enfrentou um cancer, e que como sua fé ajudou a salvar a tia. Harold então, liga para a clinica, onde Queenie se encontra internada e diz a pessoa que atende para dizer a Queenie que ele irá salva-la, para ela se manter viva, que ele caminhará por ela.


Então, a peregrinação de Harold se torna concreta. 

Harold que gosta de ver o melhor nas pessoas, mas tenta evitá-las, conhece muitas pessoas diferentes, alguns que o ajudam durante a sua jornada e outros que usam Harold e sua história para seus próprios fins. Todos deixam sua marca em Harold fazendo-o se recordar do passado. 

Ele começa a refletir e examinar seu casamento, suas escolhas e seus relacionamentos com seus pais, seu filho e Queenie. Quer resgatar o que ele vê como uma divida do passado para com Queenie, como uma forma de expiação, por não ter sido um bom pai, pela mãe que o deixou e por seu relacionamento com seu próprio pai depois que a mãe foi embora.

A esposa de Harold, Mauren, também começa a refletir sobre suas próprias escolhas e comportamentos. Ela percebe que é significativo para Harold o que ele está fazendo e que por muitos anos, ela o culpou por muitas coisas em que ela tivera culpa também. Ela percorre toda uma gama de emoções.

O final é bastante comovente, pelo menos foi pra mim, porque Harold tem seus erros e seus acertos, é tão humano como qualquer um de nós. Ele não é o mocinho da história tentando salvar a mocinha, ele vai em busca de expiação dos seus erros.


As vezes, a gente conhece pessoas que ficam em nossas vidas, que bagunçam com a nossa cabeça e outras que logo vão embora, mas que naquele momento você precisou delas, e que de alguma forma deixaram uma marca em você, algo que você tinha que aprender ou ajuda-las de certo modo. Harold enxerga isso logo de inicio - o como aceitar a estranheza das pessoas. 

 "A dor leva as pessoas a fazerem coisas muito estranhas." (Queenie - descrevendo o que Harold fez na cervejaria.).

Autor: Rachel Joyce
Editora: Suma de Letras
Ano de lançamento: 2013
Número de páginas: 248