sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Infantilização do Público

Caro leitor, pegue o guia da semana e veja quais filmes estão em cartaz nos cinemas da sua cidade. Agora responda: Quantos deles são continuações? Quantos são baseados em histórias em quadrinhos ou super heróis? Quantos deles tem uma temática mais adolescente e são voltados para o público mais jovem? Lanço um desafio: Onde estão os filmes com temáticas mais sérias, voltadas para um público mais adulto? Provavelmente, você leitor, notará que estes filmes estarão quase que exclusivamente restritos aos cinemas “cult”, não nos grandes circuitos. Alguém consegue me responder por qual motivo isso acontece?

Em primeiro lugar não tenho absolutamente nada contra filmes “blockbusters”. Eu adoro! São ótimos quando você chega cansado do trabalho e quer simplesmente relaxar e não pensar em nada. Eles dão um lucro imenso aos estúdios e também não vejo mal nenhum nisso, uma vez que os estúdios são empresas e precisam de lucro para sobreviver. Tampouco vejo algum problema em adolescentes fissurados no mais novo filme da saga x ou no mais recente lançamento do super herói y. Mas me incomoda imensamente ver adultos de 30, 40 anos completamente alucinados com esse tipo de cinema.

Em segundo lugar, deixo claro que também detesto os chamados “filmes cabeça” feitos por pseudo intelectuais com 4, 5 horas de duração e nenhuma emoção. Acredito que deve haver um meio termo que há muito tempo foi esquecido.

Responda agora, leitor, quais foram os filmes mais famosos, premiados e assistidos na década de 60 ou 70? Você provavelmente citará filmes como “O Poderoso Chefão”, “Um Estranho no Ninho”, “Lawrence da Arábia”, “Golpe de Mestre”, “Perdidos na Noite”, “Rocky” entre outros. E atualmente quais seriam estes filmes? “Thor”, “Vingadores”, “Jogos Vorazes” e vários outros cuja temática apela ao público adolescente.

O cinema com filmes adultos morreu...acabou, infelizmente. Muitos espectadores órfãos deste cinema migraram para a TV, para os dramas da época de ouro da televisão, tais como “The Sopranos”, “The Shield”, “The Killing”, “Breaking Bad”, “Damages”, “Boardwalk Empire”, “Deadwood”, etc. Porém até na TV a infantilização do público predomina atualmente. Vemos séries com temática adolescente estourarem de audiência enquanto os dramas adultos estão agonizando (um dos últimos remanescentes dessa era de ouro, “Mad Men”, chega ao fim este ano).

Na música este processo de infantilização é ainda mais visível e crítico. Basta dar uma leve olhada no que faz sucesso hoje em dia, nas músicas tolas e rasas, com refrões cheios de palavrões e insinuações sexuais.


O público está infantil e isso é irreversível, na minha opinião. Só me resta lamentar e muito estes adultos com síndrome de Peter Pan que estão levando as artes ao fundo do poço.

Posted by Alê

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Pitacos sobre os indicados ao Oscar 2015 de Melhor Filme



Há tempos não via uma safra de filmes tão medianos indicados ao Oscar. Mas vamos lá:

Boyhood – Da Infância à Juventude


Na minha opinião, o filme será o vencedor da noite, até pela excentricidade de ter demorado 12 anos para ser filmado.

 É intenso e universal apesar de muito simples. E fala da vida, sem rodeios e sem máscaras. Mostra um menino (Mason) tornar-se um rapaz e seus pais errando muitas vezes mais do que gostariam, mas sempre tentando acertar. É fácil de identificar com a nossa própria vida, com as nossas memórias. Todos nós passamos por alguns questionamentos que aqueles personagens passam.


Birdman

Que filme fantástico! Conta a história de um ator, famoso por ter interpretado um super herói (que dá nome ao filme) há 20 anos atrás, tentando dirigir, produzir e atuar em uma peça da Broadway para levantar sua carreira. Qualquer semelhança com a própria carreira de Michael Keaton aqui é pura coincidência, apesar de Iñárritu afirmar ter escrito o personagem especialmente para Keaton.


O filme praticamente não tem cortes, tudo vai acontecendo sem quebras, num ritmo alucinante e com diálogos profundos. Os personagens secundários são ótimos, com destaque absoluto para Edward Norton e Emma Stone. E Michael Keaton arrasa. A cena em que ele corre só de cueca pela Times Square é antológica desde já.

Sniper Americano


Eu gosto dos filmes do Eastwood, mas dessa vez vou ter que falar mal. Não curti nadinha do filme.  Conta a história de Chris Kyle, um “herói” de guerra americano, um franco atirador que matou muita gente durante a guerra no Iraque. 

O filme carrega no patriotismo (até ai nenhuma novidade, a maioria dos filmes de guerra são assim) e glorifica a imagem do soldado que mais matou gente no Iraque, sempre lembrando-se de mostrar o outro lado como o lado mau. Essa visão simplista de um assunto tão complexo faz com que o filme seja chato.


O Grande Hotel Budapeste

Um filme com a cara do Wes Anderson. Uma fotografia bem peculiar e bastante humor. Achei o filme bem leve e espirituoso, porém nada além. 

Conta a história do gerente do hotel do título que ao lado do empregado Zero vivem aventuras tais como o roubo de um quadro famoso, a disputa entre os herdeiros de uma viúva rica e a Primeira Guerra Mundial.
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O Jogo da Imitação

Conta a história do gênio matemático, Alan Turing (interpretado de forma honesta e brilhante pelo excelente Benedict Cumberbatch) que trabalhou para a inteligência britânica durante a Segunda Guerra criando uma máquina capaz de quebrar as mensagens em código da inteligência alemã e vencer a guerra. Porém, Turing é perseguido por se assumir homessexual e submetido a castração química.


O filme não tem nada de brilhante e muitas vezes é chato, além da sempre ruim e forçada interpretação da Keira Knightley, mas vale a pena assistir para conhecer um pouco a história deste homem tão importante para o final da guerra e que permaneceu escondida por quase 50 anos.


Selma

Segregação, preconceito racial, ódio, violência tudo isso no filme que conta os momentos finais de Martin Luther King. Um filme necessário e muito bem interpretado. Porém sem grandes chances.

 

Whiplash – Em Busca da Perfeição  
       
O segundo filme mais independente da lista de indicados é um intenso e ousado, um deleite. Conta a história de um garoto que deseja ardentemente ser o melhor baterista de jazz do mundo. 

Ele estuda numa renomada escola de música e entra para a banda do regente que é conhecido por maltratar seus alunos para estimulá-los a buscar a perfeição.  A relação entre mestre e aprendiz será dura, explosiva, assombrosa e brilhante.

Vale ressaltar a interpretação divina de J.K. Simmons. Filme imperdível!

A Teoria de Tudo

Pense em Stephen Hawking, o homem mais inteligente do planeta. Pense que além de gênio, este homem foi diagnosticado Esclerose Lateral Amiotrófica (perda de movimentos musculares) por volta dos 20 anos e com prognóstico de poucos anos de vida. Pense que este homem sobreviveu e superou tudo isso, casou, teve filhos e formulou as teorias mais inteligentes deste Einstein apesar do corpo definhado seu cérebro sempre funcionou.



O filme mostra tudo isso, focando na relação de Stephen com sua esposa e na degeneração física que ele sofreu ao longo dos anos. O trabalho corporal do jovem Eddie Redmayne é assombroso e intenso. Apesar de ser piegas em alguns momentos, o filme é muito bom exatamente por retratar a história de alguém tão fabuloso. 

Posted by Alê

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um Santo Vizinho (St. Vincent - 2014)

Quando vi o trailer e o nome do filme, achei que seria simplesmente mais uma comédia  bobinha sobre amizade entre crianças e velhos.

Para a minha surpresa e graças à atuação fantástica de Bill Murray, “Um Santo Vizinho” é muito, muito mais.

O filme começa mostrando a vida que Vincent leva. Ele é um cara sozinho e reclamão que passa os dias bebendo, apostando em corridas de cavalo e com prostitutas. Porém essa vida sem sentido de Vincent s

e transforma quando ele conhece seus novos vizinhos: Oliver (um garoto um tanto quanto solitário) e sua mãe recém divorciada.

Por conta de uma provocação dos colegas, Oliver perde sua mochila e consequentemente as chaves de casa e fica esperando a mãe na porta. Quando vê Vincent pede para entrar e ligar para a mãe e a partir daí nasce uma amizade entre os dois e Vincent se torna a babá de Oliver.

A partir daí o filme mostra como Vincent é, sim, um sujeito doce, seja com a esposa que está num asilo com Alzheimer, seja com a prostituta grávida de Naomi Watts (brilhante, diga-se de passagem) e principalmente com Oliver.

O filme termina com uma homenagem de Oliver a Vincent que nos leva às lágrimas.

Ah, e assista aos créditos! Ouvimos Vincent cantando “Shelter from the Storm” de Bob Dylan. Imperdível!!