quarta-feira, 1 de julho de 2015

Separação - Vinicius de Moraes

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles. Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação. Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce. Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas. De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde... 

Acabei de lembrar dessa crônica, a primeira vez que ouvi foi em um congresso de humanas que fui na época da facul. Tão linda e dolorosa. História de muitos por ai.. Quem nunca?? rs Cade minha garrafa de vinho??

domingo, 7 de junho de 2015

A Improvável Jornada de Harold Fry

"A carta que viria mudar tudo chegou numa terça-feira. Era uma manhã comum de meados de abril, daquelas que cheiravam a roupa lavada e grama cortada."

E é assim que começa a história de Harold Fry que um dia recebe uma carta de despedida de uma velha amiga de trabalho, Quennie Hennessy, lhe informando que está morrendo de cancer. Harold que não é um homem de dar voz aos seus sentimentos decide escrever uma carta com uma simples condolência e coloca-la no correio. 

Harold deixa sua esposa com seus afazeres e sai em busca de uma caixa de correio. O que Harold não sabe é que nesse simples gesto, ele começa meio que indiretamente a sua perigrinação. Ele encontra várias caixas de correio pelo caminho, mas sempre continua com o intuíto de que vai achar outra.

No caminho, ele para num posto e lá conhece uma moça que lhe conta sua experiência com a tia, que também enfrentou um cancer, e que como sua fé ajudou a salvar a tia. Harold então, liga para a clinica, onde Queenie se encontra internada e diz a pessoa que atende para dizer a Queenie que ele irá salva-la, para ela se manter viva, que ele caminhará por ela.


Então, a peregrinação de Harold se torna concreta. 

Harold que gosta de ver o melhor nas pessoas, mas tenta evitá-las, conhece muitas pessoas diferentes, alguns que o ajudam durante a sua jornada e outros que usam Harold e sua história para seus próprios fins. Todos deixam sua marca em Harold fazendo-o se recordar do passado. 

Ele começa a refletir e examinar seu casamento, suas escolhas e seus relacionamentos com seus pais, seu filho e Queenie. Quer resgatar o que ele vê como uma divida do passado para com Queenie, como uma forma de expiação, por não ter sido um bom pai, pela mãe que o deixou e por seu relacionamento com seu próprio pai depois que a mãe foi embora.

A esposa de Harold, Mauren, também começa a refletir sobre suas próprias escolhas e comportamentos. Ela percebe que é significativo para Harold o que ele está fazendo e que por muitos anos, ela o culpou por muitas coisas em que ela tivera culpa também. Ela percorre toda uma gama de emoções.

O final é bastante comovente, pelo menos foi pra mim, porque Harold tem seus erros e seus acertos, é tão humano como qualquer um de nós. Ele não é o mocinho da história tentando salvar a mocinha, ele vai em busca de expiação dos seus erros.


As vezes, a gente conhece pessoas que ficam em nossas vidas, que bagunçam com a nossa cabeça e outras que logo vão embora, mas que naquele momento você precisou delas, e que de alguma forma deixaram uma marca em você, algo que você tinha que aprender ou ajuda-las de certo modo. Harold enxerga isso logo de inicio - o como aceitar a estranheza das pessoas. 

 "A dor leva as pessoas a fazerem coisas muito estranhas." (Queenie - descrevendo o que Harold fez na cervejaria.).

Autor: Rachel Joyce
Editora: Suma de Letras
Ano de lançamento: 2013
Número de páginas: 248

domingo, 29 de março de 2015

Across the Universe

E foi bem assm: eu vi a capa do DVD de uma coléga de trabalho e já comecei a questionar sobre. Ela disse que eu encontraria no netflix, fui sedenta, mas não estava mais lá. Mas quem disse que eu ia desistir?? Naveguei por essa imensidão de mares da internet e encontrei rsrsrs draminha .  Na verdade foi bem fácil achar rs ;) Por que não assisti quando saiu em 2007? Sei lá rsrs devo ter problema haha... Mas vamos lá..

All you need is love...
"Is there anybody going to listen to my story
All about the girl who came to stay?
She's the kind of girl you want so much
It makes you sorry
Still you don't regret a single day..."

Imagine a sua história contada ao som das músicas dos Beatles. Imaginou? Não? Então comece rs.

Um estranho em um país estranho e o destino une Jude, Max, Lucy, Sadie, Prudence e Jo-jo pra contar essa história que se passa nos anos 60 - no auge do movimento hippie, a guerra no Vietnã... dentre todas as coisas que estavam acontecendo na época.

Jude vai para os Estados Unidos com o intuíto de conhecer seu pai biológico que até então não sabia de sua existência. Logo que chega aos Estados Unidos e vai a procura de seu pai, ele conhece Max que se torna um grande amigo. No dia de ação de graças, Jude, é convidado por Max para passar o dia junto de sua família e lá ele acaba conhecendo Lucy, irmã mais nova de Max.


Quando Max decide largar a faculdade, ele e Jude vão para Nova York. Eles acabam dividindo um apartamneto com uma variedade de personagens interessantes: Sadie - que você pode certamente ligar diretamente a Janis Joplin, Jo-Jo ao Jimi Hendrix e Prudence uma lider de torcida que tem problemas de relacionamento e sua busca pelo amor. 

No decorrer da história o então até namorado de Lucy vai pra a guerra e acaba morrendo o que leva Lucy para Nova York também. Em Nova York ela e Jude começam um relacionamento. Max é levado para a guerra também. Lucy se associa a um grupo de protestos contra a guerra e isso gera conflitos entre ela e Jude. Jude é um artista mais em beleza e amor do que causas. 


O filme enlaça as músicas com a história de amor dos personagens principais, com a história individual de cada um e com acontecimentos típicos da década de 60, como a guerra do Vietnã, drogas, o movimento hippie, o homossexualismo e a liberação sexual.

O movimento hippie se mostra por todo filme inclusive na psicodelia que traz a participação de Bono Vox como Dr. Robert cantando "I am The Walrus". Todas as músicas apresentadas seguem a discográfia dos Beatles, mas a melodia e os arranjos são modificados. Foi a primeira vez que ouvi "I wanna hold your hands" interpretada de uma forma tão triste. "Hey Jude" também bem emocionante com as cenas de Jude em Liverpool no bar e decidindo voltar para os EUA em busca de Lucy. O final é lindo onde Jude canta do alto do telhado de um prédio "All you need is love" para Lucy, assim como os Beatles fizeram nos anos 60.


... Love is all you need.


1 - Girl
Interpretada por Jim Sturgess.
2 - Helter Skelter
Interpretada por Dana Fuchs.
3 - Hold Me Tight
Interpretada por Jim Sturgess, Evan Rachel Wood e Lisa Hogg.
4 - All My Loving
Interpretada por Jim Sturgess.
5 - I Want To Hold Your Hand 
Interpretada por T.V. Carpio.
6 - With A Little Help From My Friends
Interpretada por Joe Anderson, Jim Sturgess & Dorm Buddies.
7 - It Won't Be Long 
Interpretada por Evan Rachel Wood.
8 - I've Just Seen A Face
Interpretada por Jim Sturgess.
9 - Let It Be
Interpretada por Carol Woods e Timothy T. Mitchum.
10 - Come Together
Interpretada por Joe Cocker e Martin Luther.
11 - Why Don't We Do It In The Road
Interpretada por Dana Fuchs.
12 - If I Fell 
Interpretada por Evan Rachel Wood.
13 - I Want You (She's So Heavy)
Interpretada por Joe Anderson.
14 - Dear Prudence
Interpretada por Dana Fuchs, Jim Sturgess, Evan Rachel Wood e Joe Anderson.
15 - Flying
Interpretada por The Secret Machines.
16 - Blue Jay Way
Interpretada por The Secret Machines.
17 - I Am The Walrus
Interpretada por Bono.
18 - Being For The Benefit Of Mr. Kite
Interpretada por Eddie Izzard.
19 - Because
Interpretada por Evan Rachel Wood, Jim Sturgess, Joe Anderson, Dana Fuchs, T.V. Carpio e Martin Luther.
20 - Something
Interpretada por Jim Sturgess.
21 - Oh Darling
Interpretada por Dana Fuchs e Martin Luther.
22 - Strawberry Fields Forever
Interpretada por Jim Sturgess e Joe Anderson.
23 - Revolution
Interpretada por Jim Sturgess.
24 - While My Guitar Gently Weeps
Interpretada por Martin Luther.
25 - Happiness Is A Warm Gun
Interpretada por Joe Anderson.
26 - Blackbird
Interpretada por Evan Rachel Wood.
27 - Hey Jude
Escrita por Paul McCartney.
Interpretada por Joe Anderson.
28 - Don't Let Me Down
Interpretada por Dana Fuchs.
29 - All You Need Is Love
Interpretada por Jim Sturgess e Dana Fuchs.
30 - Lucy In The Sky With Diamonds
Interpretada por Bono.
31 - A Day In The Life
Interpretada por Jeff Beck.
32 - Across the Universe
Interpretada por Jim Sturgess.
33 - She Loves You 
Interpretada por Joe Anderson.

Título Original: Across the Universe
Direção: Julie Taymor
Gênero: Musical 
Ano: 2007
Duração: 133 minutos 

sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Infantilização do Público

Caro leitor, pegue o guia da semana e veja quais filmes estão em cartaz nos cinemas da sua cidade. Agora responda: Quantos deles são continuações? Quantos são baseados em histórias em quadrinhos ou super heróis? Quantos deles tem uma temática mais adolescente e são voltados para o público mais jovem? Lanço um desafio: Onde estão os filmes com temáticas mais sérias, voltadas para um público mais adulto? Provavelmente, você leitor, notará que estes filmes estarão quase que exclusivamente restritos aos cinemas “cult”, não nos grandes circuitos. Alguém consegue me responder por qual motivo isso acontece?

Em primeiro lugar não tenho absolutamente nada contra filmes “blockbusters”. Eu adoro! São ótimos quando você chega cansado do trabalho e quer simplesmente relaxar e não pensar em nada. Eles dão um lucro imenso aos estúdios e também não vejo mal nenhum nisso, uma vez que os estúdios são empresas e precisam de lucro para sobreviver. Tampouco vejo algum problema em adolescentes fissurados no mais novo filme da saga x ou no mais recente lançamento do super herói y. Mas me incomoda imensamente ver adultos de 30, 40 anos completamente alucinados com esse tipo de cinema.

Em segundo lugar, deixo claro que também detesto os chamados “filmes cabeça” feitos por pseudo intelectuais com 4, 5 horas de duração e nenhuma emoção. Acredito que deve haver um meio termo que há muito tempo foi esquecido.

Responda agora, leitor, quais foram os filmes mais famosos, premiados e assistidos na década de 60 ou 70? Você provavelmente citará filmes como “O Poderoso Chefão”, “Um Estranho no Ninho”, “Lawrence da Arábia”, “Golpe de Mestre”, “Perdidos na Noite”, “Rocky” entre outros. E atualmente quais seriam estes filmes? “Thor”, “Vingadores”, “Jogos Vorazes” e vários outros cuja temática apela ao público adolescente.

O cinema com filmes adultos morreu...acabou, infelizmente. Muitos espectadores órfãos deste cinema migraram para a TV, para os dramas da época de ouro da televisão, tais como “The Sopranos”, “The Shield”, “The Killing”, “Breaking Bad”, “Damages”, “Boardwalk Empire”, “Deadwood”, etc. Porém até na TV a infantilização do público predomina atualmente. Vemos séries com temática adolescente estourarem de audiência enquanto os dramas adultos estão agonizando (um dos últimos remanescentes dessa era de ouro, “Mad Men”, chega ao fim este ano).

Na música este processo de infantilização é ainda mais visível e crítico. Basta dar uma leve olhada no que faz sucesso hoje em dia, nas músicas tolas e rasas, com refrões cheios de palavrões e insinuações sexuais.


O público está infantil e isso é irreversível, na minha opinião. Só me resta lamentar e muito estes adultos com síndrome de Peter Pan que estão levando as artes ao fundo do poço.

Posted by Alê

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Pitacos sobre os indicados ao Oscar 2015 de Melhor Filme



Há tempos não via uma safra de filmes tão medianos indicados ao Oscar. Mas vamos lá:

Boyhood – Da Infância à Juventude


Na minha opinião, o filme será o vencedor da noite, até pela excentricidade de ter demorado 12 anos para ser filmado.

 É intenso e universal apesar de muito simples. E fala da vida, sem rodeios e sem máscaras. Mostra um menino (Mason) tornar-se um rapaz e seus pais errando muitas vezes mais do que gostariam, mas sempre tentando acertar. É fácil de identificar com a nossa própria vida, com as nossas memórias. Todos nós passamos por alguns questionamentos que aqueles personagens passam.


Birdman

Que filme fantástico! Conta a história de um ator, famoso por ter interpretado um super herói (que dá nome ao filme) há 20 anos atrás, tentando dirigir, produzir e atuar em uma peça da Broadway para levantar sua carreira. Qualquer semelhança com a própria carreira de Michael Keaton aqui é pura coincidência, apesar de Iñárritu afirmar ter escrito o personagem especialmente para Keaton.


O filme praticamente não tem cortes, tudo vai acontecendo sem quebras, num ritmo alucinante e com diálogos profundos. Os personagens secundários são ótimos, com destaque absoluto para Edward Norton e Emma Stone. E Michael Keaton arrasa. A cena em que ele corre só de cueca pela Times Square é antológica desde já.

Sniper Americano


Eu gosto dos filmes do Eastwood, mas dessa vez vou ter que falar mal. Não curti nadinha do filme.  Conta a história de Chris Kyle, um “herói” de guerra americano, um franco atirador que matou muita gente durante a guerra no Iraque. 

O filme carrega no patriotismo (até ai nenhuma novidade, a maioria dos filmes de guerra são assim) e glorifica a imagem do soldado que mais matou gente no Iraque, sempre lembrando-se de mostrar o outro lado como o lado mau. Essa visão simplista de um assunto tão complexo faz com que o filme seja chato.


O Grande Hotel Budapeste

Um filme com a cara do Wes Anderson. Uma fotografia bem peculiar e bastante humor. Achei o filme bem leve e espirituoso, porém nada além. 

Conta a história do gerente do hotel do título que ao lado do empregado Zero vivem aventuras tais como o roubo de um quadro famoso, a disputa entre os herdeiros de uma viúva rica e a Primeira Guerra Mundial.
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O Jogo da Imitação

Conta a história do gênio matemático, Alan Turing (interpretado de forma honesta e brilhante pelo excelente Benedict Cumberbatch) que trabalhou para a inteligência britânica durante a Segunda Guerra criando uma máquina capaz de quebrar as mensagens em código da inteligência alemã e vencer a guerra. Porém, Turing é perseguido por se assumir homessexual e submetido a castração química.


O filme não tem nada de brilhante e muitas vezes é chato, além da sempre ruim e forçada interpretação da Keira Knightley, mas vale a pena assistir para conhecer um pouco a história deste homem tão importante para o final da guerra e que permaneceu escondida por quase 50 anos.


Selma

Segregação, preconceito racial, ódio, violência tudo isso no filme que conta os momentos finais de Martin Luther King. Um filme necessário e muito bem interpretado. Porém sem grandes chances.

 

Whiplash – Em Busca da Perfeição  
       
O segundo filme mais independente da lista de indicados é um intenso e ousado, um deleite. Conta a história de um garoto que deseja ardentemente ser o melhor baterista de jazz do mundo. 

Ele estuda numa renomada escola de música e entra para a banda do regente que é conhecido por maltratar seus alunos para estimulá-los a buscar a perfeição.  A relação entre mestre e aprendiz será dura, explosiva, assombrosa e brilhante.

Vale ressaltar a interpretação divina de J.K. Simmons. Filme imperdível!

A Teoria de Tudo

Pense em Stephen Hawking, o homem mais inteligente do planeta. Pense que além de gênio, este homem foi diagnosticado Esclerose Lateral Amiotrófica (perda de movimentos musculares) por volta dos 20 anos e com prognóstico de poucos anos de vida. Pense que este homem sobreviveu e superou tudo isso, casou, teve filhos e formulou as teorias mais inteligentes deste Einstein apesar do corpo definhado seu cérebro sempre funcionou.



O filme mostra tudo isso, focando na relação de Stephen com sua esposa e na degeneração física que ele sofreu ao longo dos anos. O trabalho corporal do jovem Eddie Redmayne é assombroso e intenso. Apesar de ser piegas em alguns momentos, o filme é muito bom exatamente por retratar a história de alguém tão fabuloso. 

Posted by Alê

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um Santo Vizinho (St. Vincent - 2014)

Quando vi o trailer e o nome do filme, achei que seria simplesmente mais uma comédia  bobinha sobre amizade entre crianças e velhos.

Para a minha surpresa e graças à atuação fantástica de Bill Murray, “Um Santo Vizinho” é muito, muito mais.

O filme começa mostrando a vida que Vincent leva. Ele é um cara sozinho e reclamão que passa os dias bebendo, apostando em corridas de cavalo e com prostitutas. Porém essa vida sem sentido de Vincent s

e transforma quando ele conhece seus novos vizinhos: Oliver (um garoto um tanto quanto solitário) e sua mãe recém divorciada.

Por conta de uma provocação dos colegas, Oliver perde sua mochila e consequentemente as chaves de casa e fica esperando a mãe na porta. Quando vê Vincent pede para entrar e ligar para a mãe e a partir daí nasce uma amizade entre os dois e Vincent se torna a babá de Oliver.

A partir daí o filme mostra como Vincent é, sim, um sujeito doce, seja com a esposa que está num asilo com Alzheimer, seja com a prostituta grávida de Naomi Watts (brilhante, diga-se de passagem) e principalmente com Oliver.

O filme termina com uma homenagem de Oliver a Vincent que nos leva às lágrimas.

Ah, e assista aos créditos! Ouvimos Vincent cantando “Shelter from the Storm” de Bob Dylan. Imperdível!!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O Oceano no Fim do Caminho


É fácil se lembrar da infância? De como enxergamos o mundo quando crianças? Dos medos mais profundos e de como nos protegíamos deles?

O Oceano no fim do Caminho nos conta a história de um homem, recém divorciado, de 39 anos de idade que volta a cidade onde passou a infância para um funeral. Logo que deixa esse funeral decide dirigir pela cidade e visitar a casa em que crescera. Passando por ela, suas lembranças começam aflorar e ele chega a fazenda Hempstock e começa a se questionar sobre a garotinha que morava ali. A última noticia que tivera dela era que havia ido estudar na Austrália. Lettie, sua única amiga na infância. Na fazenda Hempstock ele encontra a mãe de Lettie, mas que por alguns segundos ele pensa ser a avó dela. Então ele pede para rever o lago nos fundo da casa, o lago que Lettie costumava chamar de Oceano.


Suas lembranças o remetem de volta ao tempo em que tinha 7 anos de idade. Lembra-se de como seus livros serviam como forma de escapismo da indiferença de seus colégas de classe e de sua família. E ele começa a perceber de como as coisas são difíceis também no mundo adulto. Primeiro vem as dificuldades financeiras, onde seus pais tem que alugar o quarto no alto da escada, quarto esse que era dele, e ele tem que passar a dividir o quarto com a irmã. Depois, o convívio com a baba e a relação dela com seu pai e as coisas que ele observa a partir dai, mas que não tem maturidade pra entender.

Um dos inquilinos, a alugar seu quarto, foi um minerador de Opala que certa noite roubou o carro da família e cometeu suicídio dentro dele. E isso acabou desencadeando um mal antigo que  se alimentava do desejo das pessoas por dinheiro e levando a  resultados desastrosos. E em consequência disso ele conhece Lettie, e é ai que fantasia e realidade se misturam. 

O autor acaba que sugerindo que a fazenda Hempstock é o lugar mais seguro do mundo. Lettie e sua família são pessoas que existem fora do tempo, em parte, afim de evitar coisas como aquela que foi desencadeada pelo suicídio do minerador de opala.

O escapismo está por toda parte na história misturando realidade e fantasia e fazendo você se perguntar se aquilo é real ou não. 

O oceano ou apenas um lago? Tudo difere do ponto de vista. Para nós adultos - apenas um lago. Para uma criança - uma imensidão - um oceano sem fim. As vezes, nos esquecemos de como enxergávamos o mundo enquanto crianças, temos nossas memórias, mas no final das contas racionalizamos. 


Não é um livro fácil de se falar sobre,  cada leitor vai senti-lo de maneira diferente, remete-lo a sua própria infãncia e experiências de maneira diferente. Afinal quem nunca foi esse garotinho, cujo nome não nos é revelado, alguma vez na vida?

"Eu adorava mitos. Não eram histórias para adultos e não eram histórias para crianças. Eram melhores que isso. Simplesmente eram
As histórias para adultos nunca faziam sentido, e a ação nelas demorava muito a acontecer. Elas me davam a sensação de que havia segredos, segredos maçônicos, míticos, envolvendo a idade adulta. Porque os adultos não queriam ler sobre Nárnia, ilhas misteriosas, contrabandistas e fadas traiçoeiras?"

“Existem monstros de todos os formatos e tamanhos. Alguns deles são coisas que as pessoas têm medo. Alguns são coisas que se parecem com outras das quais as pessoas costumavam ter medo muito tempo atrás. Algumas vezes os monstros são as coisas das quais as pessoas deviam ter medo, mas não têm”.


Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Ano de lançamento: 2013
Número de páginas: 208

by Fê