domingo, 7 de abril de 2013

Top 10 - Séries - 1º Lugar



THE SOPRANOS (1999 – 2007)

Não consigo falar de Sopranos sem ser passional ou irracional. É a série do meu coração! A queridinha! A melhor!

Tenho envolvimento pessoal com ela. Por retratar imigrantes italianos estabelecidos nos Estados Unidos e, guardadas as devidas proporções entre Brasil e EUA, e ao fato de a maioria dos personagens serem mafiosos, eu, neta de italianos e desde sempre influenciada por essa cultura, vejo muito da minha família nos personagens. Seja o modo de falar, o jeito de agir, alguns hábitos e costumes, tudo, quase tudo mesmo me recorda pessoas da minha família ou conhecidos.


A série foi um divisor de águas. Um verdadeiro marco da televisão mundial por inúmeros motivos. Lembre-se quem a série estreou em 1999, época que os dramas televisivos eram cheios de protagonistas rasos e “bonzinhos”, histórias da semana superficiais e sem muita qualidade. The Sopranos foi a primeira série a ter um protagonista dúbio, cheio de falhas morais e assumidamente criminoso. Foi The Sopranos que abriu caminho para que séries como The Shield, 24 horas, Mad Men, Breaking Bad existissem. Foi The Sopranos que introduziu o jeito cinematográfico de se fazer televisão. Foi The Sopranos que transformou o padrão HBO em excelência.

A história gira em torno de Tony Soprano, interpretado magistralmente por James Gandolfini, e sua família, composta por sua esposa Carmela – num show de interpretação da sempre ótima Eddie Falco – e seus filhos, Meadow e AJ. Tony faz jus ao “American way of life” ou, estilo de vida americano. Tem uma bela casa com piscina no subúrbio de New Jersey, acorda todas as manhãs para tomar café e pega o jornal na sua porta usando roupão. Tony até enfrenta problemas pessoais, tendo frequentes ataques de pânico, o que o leva a se consultar com a psiquiatra Dra. Melfi (tudo isso em segredo, por que em sua cabeça é uma humilhação consultar-se com uma psiquiatra). Mas há um, porém: Tony é o chefe da máfia de New Jersey!

Esqueça todos os padrões estabelecidos por filmes de máfia como O Poderoso Chefão. Em The Sopranos é tudo muito real, os mafiosos parecem nossos vizinhos, gente como a gente. As roupas são bregas (esqueça-se dos lindos ternos usados por Michael Corleone... aqui Tony Soprano e cia usam agasalhos e camisetas feiosas), os conflitos dos mafiosos são mundanos, palpáveis (como até Tony afirma em um episódio... honra, lealdade não existem mais na máfia atual).


Na sua família real, Tony se vê cercado de problemas. Sua mãe, Livia (a ótima Nancy Marchand que infelizmente faleceu ao final da segunda temporada), manipuladora, dominadora e com um gênio difícil, ela é, inclusive, o assunto principal em várias sessões com a Dra Melfi, quando Tony percebe a influência negativa que ela sempre exerceu sobre ele. Seu tio Junior, vivido pelo excelente Dominic Chianese, que se volta contra o sobrinho quando este ascende no comando da máfia. Sua irmã Janice é sangue quente e cria ainda mais problemas para Tony quando ela resolve casar com Ralph Cifaretto.  Sua esposa Carmela e seus filhos também trazem sempre problemas. Meadow é geniosa e, apesar de estudiosa, sempre se envolve com caras que Tony reprova gerando grandes conflitos. AJ não tem rumo na vida, não consegue realizar nada e é um constante motivo de preocupação.

Ai vai o meu único problema com a série: a personagem Carmela. Não gosto da relação entre ela e Tony. Carmela é fútil, gosta do luxo e do dinheiro que os crimes de Tony trazem. Ela quer segurança financeira e para isso tolera todas as inúmeras traições de Tony, suporta todas as humilhações. Suas tentativas de flerte com outros homens são patéticas, exemplos do padre das primeiras temporadas e de Furio (um dos homens de Tony). Alias, com exceção de Livia, todas as personagens femininas são fracas, enlouquecidas, desesperadas, sedentas de amor e carentes ao extremo. Num roteiro que constroe personagens masculinos incríveis, as personagens femininas deixam a desejar.

Em sua família mafiosa, Tony tem como conselheiro Silvio Dante (interpretado pelo guitarrista de Bruce Springsteen, Steve Van Zandt), além de personagens ótimos como Paulie – dono de momentos hilários como no episódio “Pine Barrens” (interpretado por Tony Sirico),  Bobby Bacala (o “enfermeiro” de Uncle Junior), Big “Pussy” Bonpensiero (amigo de Tony tem um final surpreendente na segunda temporada da série), Johnny Sack (o chefão de New York) entre tantos outros que tiveram passagens rápidas e memoráveis.

Há ainda que ressaltar a importância de Christopher Moltisanti (interpretado maravilhosamente por Michael Imperioli) para a trama. No começo ele é simplesmente um sobrinho postiço de Tony que faz alguns trabalhos sem importância. Ao longo das temporadas, ele cresce dentro da organização, passa a ocupar uma posição de respeito, tentar sair da máfia ao enveredar pela carreira cinematográfica que acaba não dando certo, tem um relacionamento altamente destrutivo com Adriana (numa interpretação excelente de Drea de Matteo), torna-se um viciado e tem um final chocante, surpreendente e triste).


O final da série é discutido até hoje e só mesmo um gênio como David Chase (o criador e roteirista da série) para nos deixar numa dúvida assim cruel. Muitos ainda afirmam que a série é lenta (realmente, há episódios que são pura contemplação, nada de contundente acontece) e as temporadas terminam sem algo engatilhado para a próxima temporada.

A lista de episódios brilhantes é extensa. A trilha sonora é realmente muito boa. A forma com que os personagens evoluem também é incrível. Eles nos conquistam de uma forma tamanha que não nos damos conta que estamos torcendo para mafiosos assassinos.

Enfim, The Sopranos é A série. Com alguns defeitos, sim, mas que não comprometem de forma alguma seu brilhante desenvolvimento. É quase a perfeição em forma de série!

Posted by Alê

Nenhum comentário:

Postar um comentário