terça-feira, 2 de julho de 2013

Mad Men - um balanço da sexta temporada

Uma espiral de caos, tristeza, dor e destruição. Acho que podemos resumir assim a jornada de Don Draper nesta sexta temporada de Mad Men.

Antes de comentar sobre a temporada deste ano, abro um parêntese para falar dos anos anteriores da série. (Mad Men não é uma série fácil. Ela não te conquista de primeira. Nada é mastigado, explicado, há longas sequência em que nada acontece – Matthew Weiner, o criador e roteirista da série segue a receita de sucesso de sua série anterior, The Sopranos – mas ao final de alguns episódios você se vê completamente fisgado pelos personagens complexos e maravilhosos e uma reconstituição de época que beira a perfeição. A década de 60 foi um marco, um divisor de águas para o mundo, a sociedade em geral e Mad Men retrata os hábitos, os costumes e todas essas mudanças com uma sutileza e uma genialidade ímpar.).

Neste sexto ano, temos um grande desenvolvimento nos personagens e, embora todos mereçam destaque, infelizmente, darei ênfase aos dois personagens chaves desta temporada. A primeira é Peggy. É notável seu crescimento e amadurecimento. Peggy está na vanguarda do seu tempo. Ela trabalha e tem sucesso – dentro do possível para a época, é claro, compra seu próprio apartamento, termina seus relacionamentos quando acha que é necessário faz com que suas opiniões e vontades sejam ouvidas e não aceita ser manipulada por homem algum. Gostei particularmente da cena em que ela conversa amistosamente com Pete (que em tempos remotos a fizera sofrer tanto), percebemos como os dois se conhecem e hoje consegue relacionar-se bem, apesar de tantos percalços, o que mostra que o personagem de Peter também está mais maduro, que já levou muitos revezes da vida e não é mais o menino mimado das primeiras temporadas. Aliás, ele e Bem foram responsáveis pelas cenas mais cômicas da série nestes seis anos.

Don Draper alcançou o fundo do poço. Há muito tempo ele já perdera o ânimo com a profissão. Desde a temporada passada, vemos Don sabotar – consciente ou inconscientemente – os clientes potenciais da empresa e tem o seu ápice quando Don espanta a Hershey’s ao contar, finalmente, sobre a sua infância num prostíbulo (palmas aqui ao desempenho de Jon Hamn na cena. Soberbo!!). Com esse desabafo, Don vê seu mundo começar a ruir verdadeiramente. Ele é expulso da firma, convidado a se retirar por tempo indeterminado. Seu casamento com Megan está acabado. Sua amante o rejeitou. Peggy, sua protegida, está magoada e não o respeita mais. Até sua filha, Sally, que o flagrou com a vizinha, não tem por ele mais respeito algum. E em meio a este caos, Don começa a aceitar seu passado, aceitar quem ele verdadeiramente é. Deixar todas as mentiras acumuladas ao longo dos anos parta trás. E tudo isso é coroado na linda cena final, quando Don, junto de seus três filhos, visita a antiga casa em que cresceu. A cena termina rápido, mas gostaria de acreditar que na continuação, Don senta nas escadas e conta toda a verdade para as crianças.
Cena final desta sexta temporada


Há boatos de que a sétima temporada da série seja a última. Eu realmente acredito nisso. Tenho muitas teorias sobre o que pode acontecer a Don. Muitos acreditam que a imagem da abertura da série seja um prenúncio do fim de Don Draper. Ele jogando-se do prédio da Sterling Cooper and Partners. Pessoalmente, acho que este final seria bom e coerente, mas eu gostaria de ver o Don se redimir. Acredito que, apesar de todas as suas grandes falhas de caráter, Don não é um homem mau. É somente um homem envolvido por mentiras imensas, por uma carência angustiante e uma total não aceitação de quem ele é de verdade. E aí entra a importância da Sally para a salvação de Don. Ele começou a contar a verdade, para seus sócios e seus filhos. Ele começou a aceitar essa parte dele que há muito estava escondida e o impedindo de ser uma boa pessoa. Se a Sally o perdoar, o entender e o ajudar nesta retomada da verdade, ele ainda pode ser salvo. 

By Alê

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